Líderes políticos, da sociedade civil e religiosos do Iraque pedem observadores internacionais para eleições provinciais
A preocupação fundamental dos presentes foi para as condições em que se poderão realizar as eleições provinciais previstas para o dia 1 de Outubro, sendo fundamental evitar a repetição das fraudes eleitorais que caracterizaram o escrutínio de 2005, o que só poderá acontecer se houver uma forte presença de observadores internacionais, nomeadamente das Nações Unidas, bem como de jornalistas, antes, durante e depois das votações.
Outro dos pontos em debate foi a inexistência de possibilidades de voto para os mais de cinco milhões de iraquianos que tiveram de fugir das suas casas vítimas da violência dirigida contra as minorias étnicas e religiosas mas também contra as elites profissionais. Um facto que irá premiar os fautores da violência.
Paulo Casaca, que teve a oportunidade de testemunhar as francas melhorias das condições de segurança em praticamente todas as aldeias por onde passou, em Diyala e Al Salahidin, devido à presença dos chamados Conselhos do Despertar, foi confrontado com o insistente pedido para que sejam respeitados procedimentos jurídicos e humanitários para com os cerca de 60.000 detidos em prisões nacionais, regionais e da coligação ocidental.
Os líderes presentes insistiram de forma unânime para que a União Europeia controle as verbas dos projectos que financia no Iraque dado que o desvio de dinheiro é não só um prejuízo para o contribuinte europeu e potencial beneficiário iraquiano mas leva também ao financiamento dos esquadrões da morte e grupos terroristas que promovem a destruição do Iraque.
Os participantes nestes encontros, críticos da subserviência do actual governo às autoridades iranianas, estavam entre os promotores de uma petição de xiitas do Sul e de outros pontos do Iraque, nomeadamente da cidade Sadr, que pediam o encerramento das instalações diplomáticas iranianas e o fim das medidas de perseguição à Organização dos Mujahedines do Povo do Irão (OMPI). A cerimónia da entrega desta petição - com três milhões de assinaturas - foi feita na manhã do dia 14 por centenas de dirigentes políticos, tribais e alguns dos principais líderes religiosos xiitas.
Nos dias 15 e 16, Paulo Casaca teve a oportunidade de se encontrar com o Governador da Província de Erbil, com o Presidente da Câmara de Erbil, com o Vice-Presidente da Assembleia Regional do Curdistão, com o Secretário Geral do Partido Democrático do Curdistão e ainda com os responsáveis autárquicos de Rawanduz, um dos municípios que tem sofrido com os bombardeamentos das forças iranianas e turcas a aldeias curdas do Iraque.
Entre outros pontos, as autoridades curdas mostraram a sua preocupação com os sucessivos bombardeamentos de artilharia a dezenas de aldeias curdas que têm provocado a fuga das populações e a destruição de escolas, hospitais e outras infra-estruturas.
Os autarcas da região fronteiriça queixaram-se da magreza do apoio concedido à população em fuga - cerca de mil dólares por família - da inacção das forças multinacionais e iraquianas e da ausência de qualquer esforço das Nações Unidas para observar a situação e parar a agressão.
Paulo Casaca realçou que a punição indiscriminada da população civil por presumíveis actos de guerrilha é classificada como um acto de terrorismo e formalmente proibida pelo artigo 33.° da quarta Convenção de Genebra.