Lado a lado com académicos, jornalistas e políticos, europeus, americanos, israelitas e iranianos, participei nos dias 2 e 3 de Maio em dois ciclos de conferências, a primeira em Berlim, promovida pelo Fórum para a Liberdade do Médio Oriente de Berlim, e a segunda em Viena, promovida pela plataforma política "Stop the Bomb" (parem a bomba).
Os pontos de vista expressos cobriram o espectro do que é o debate nos dias de hoje no Ocidente, com alguns a defender a sua preferência por uma política de apaziguamento, que é necessário oferecer ainda mais concessões ao regime iraniano para que este desista da bomba; outros partidários de um cenário de clara confrontação armada, nuclear, se tal for preciso, e finalmente outros, como eu, que tentaram mostrar a possibilidade de uma terceira via.
A terceira via que defendi no debate assenta em três vectores fundamentais.
O primeiro consiste na aplicação estrita das sanções económicas e diplomáticas decididas pelas Nações Unidas.
Contrariamente ao que se possa pensar, o domínio tecnológico do Ocidente é ainda muito grande e há muita coisa que a Rússia e a China não conseguem fornecer em condições competitivas. Mesmo se assumirmos que estes dois países não cooperarão totalmente no sistema de sanções, estas continuam a ser importantes.
É claro que quanto mais coerentes e mais consistentes forem as sanções, mais estas serão eficazes.
O segundo vector é o do apoio à oposição política e à sociedade civil iranianas. Quanto mais depressa abandonarmos a política suicida de chamarmos terroristas às vítimas do terrorismo, na ilusão de que assim evitaremos sermos também vítimas, melhor.
O terceiro vector é o da contenção do expansionismo externo iraniano, contenção que tem de ser feita em toda a região, mas a começar exactamente pelo Iraque.
Estou em crer que o desenvolvimento integrado destas opções políticas poderá contribuir para a mudança de regime e dificultará fortemente o seu programa nuclear em particular e de promoção do terrorismo em geral.
Aquilo que me pareceu mais impressionante nestas conferências foi a mobilização e participação em massa de jovens estudantes universitários que parecem ter rompido finalmente com os dogmas do anti-semitismo e da condescendência com o fascismo religioso e nacionalista dominantes.
Em segundo lugar, destaco a participação de muitos representantes da oposição iraniana que decidiram iniciar um diálogo que é fundamental para a preservação da paz.
Em terceiro lugar, e talvez o mais significativo, foi o esboçar de uma nova esquerda europeia virada para a defesa dos valores fundamentais das revoluções liberais e democráticas e dos movimentos de emancipação que se lhes seguiram.
Trata-se de uma nova esquerda, em estreita ligação com sectores democratas americanos e trabalhistas britânicos, mas que parece querer adquirir um centro de gravidade no coração do continente europeu, com perspectivas próprias.
O Grande Médio Oriente – em certa medida em concorrência com a China – tornou-se o principal palco de afrontamento da política ocidental, e estou em crer que é também aqui que se vão moldar as lógicas políticas dos principais actores no cenário internacional.
O Fórum para a Liberdade do Médio Oriente de Berlim e o "Stop the Bomb" (parem a bomba) de Viena promoveram, nos dias 2 e 3 de Maio, conferências sobre a ameaça de holocausto nuclear da teocracia iraniana.
Organizações Não Governamentais recentes, nascidas da rejeição da ameaça neonazi da teocracia iraniana e da defesa do direito à existência de Israel e dos judeus – como de todos os países e de todos os povos – a sua característica básica comum é a de serem formadas por jovens vindos de organizações de esquerda – e mesmo de esquerda radical – em ruptura com a contemporização dos seus Estados Maiores com o fascismo religioso e nacionalista no Grande Médio Oriente.
A esquerda dos princípios e dos valores é uma esquerda que preza a vida, a liberdade, a tolerância e a solidariedade como valores supremos e que não se pode remeter a plataformas saídas de intrincados raciocínios sobre poderes e relações de força.
Durante muito tempo a manipulação dos árabes da Palestina pelas autocracias da região, com a cobertura mediática e estratégica ocidental, transformaram aquilo que não é mais do que uma das manifestações de intolerância contra as minorias, numa luta entre espoliados de terras e de nacionalidade contra um impiedoso opressor.
As limpezas étnicas que foram depurando todo o Grande Médio Oriente, primeiro de judeus, mas depois de cristãos, de Druzos, de Bahai, de curdos, de turcomanos, de yazedis e de tantos outros, o extremismo nacionalista árabe primeiro e o fanatismo islâmico depois, foram menorizados na sua ameaça e sistematicamente desculpados como "reacção à agressão sionista" ou qualquer outro disparate do género, ou ainda pura e simplesmente assumidos como custos naturais e inevitáveis do petróleo e do mercado.
Quando os dirigentes iranianos começaram a negar a verdade do Holocausto, a conspirar com os neonazis europeus na perseguição dos judeus, dos seus opositores ou mesmo – como aconteceu comigo – dos dirigentes políticos europeus que se lhes opõem, a proclamar o esmagamento do Estado de Israel, aí finalmente houve quem entendesse que se tinha ido longe de mais na desculpabilização do fascismo islâmico.
Parte da velha esquerda parece ter sucumbido ao apelo do petróleo, utiliza a retórica do multicultaralismo para esconder a intolerância étnica, cultural e religiosa, e não se distingue por isso do que sempre foi a direita dos interesses em quem repentinamente descobre virtudes antes desconhecidas.
A luta contra o fascismo religioso é a luta pela libertação dos povos do Grande Médio Oriente, a começar naturalmente pelo mundo árabe. Quem oprime o mundo árabe não é Israel ou o sionismo, são exactamente aqueles que em nome da defesa da sua religião pretendem mantê-lo acorrentado a mitos e práticas profundamente reaccionárias.
Como dizia o manifesto de um movimento britânico também presente na conferência, o "Democratiya":
"Sectores da esquerda deixaram-se remeter a um canto incoerente e negativo do "anti-imperialismo" perdendo contacto com os valores tradicionais democráticos, igualitários e humanistas".
E mais adiante:
"Democratiya defende as bandeiras das revoluções democráticas dos séculos XVII e XVIII. Essas ideias tornaram-se a herança de todos pelas revoluções social-democratas, feministas e igualitárias dos séculos XIX e XX".
Recentemente, o Bloco Nacional Galego sofreu uma cisão exactamente pelo carácter xenófobo e anti-semita da pretensa posição anti-imperialista da direcção do bloco.
Pouco a pouco, vai-se erguendo uma nova esquerda, e eu creio que neste princípio de Maio, entre Berlim e Viena, ela se tornou imparável.
Paulo Casaca
Nos dois eventos, Paulo Casaca irá defender a necessidade de se repensar uma nova estratégia de combate ao que denomina de "imperialismo teocrático", que comece por apoiar a verdadeira oposição política e a sociedade civil, em detrimento da aposta em falsas alternativas reformistas.
“A Europa tem sido incapaz de agir como uma força unida perante Teerão, nem mesmo em termos económicos. Um regime inteligente de sanções económicas e diplomáticas é uma peça essencial de qualquer estratégia fiável com vista a pôr termo à bomba nuclear do fanatismo, mas que só terá efeito se for conjugada com uma política de apoio à oposição política e social e de contenção ao expansionismo teocrático na região”, refere o deputado socialista.
Saliente-se que ainda na passada semana, Paulo Casaca apelou para que o Parlamento Europeu dê um sinal claro e inequívoco de apoio às mulheres iranianas na sua luta contra o regime teocrático iraniano, no âmbito de uma Resolução – de que foi co-autor – sobre a violação dos direitos das mulheres e que condena a crescente pressão com que se debatem os activistas defensores de igualdade entre homens e mulheres naquele país.
No final deste ano, a OMV (empresa petrolífera) prevê concluir um contrato de 22 mil milhões de euros com o Irão. Este incremento das relações financeiras faz da Áustria e da Europa parceiros estratégicos e cúmplices de um regime político, que financia o terrorismo internacional e exerce violentas represálias contra a sua própria população, e que desenvolve armas nucleares que podem atingir a Europa e ameaçar a paz mundial. A perseguição sistemática do povo curdo, às minorias religiosas, como os Baha’i, a execução de homossexuais e as represálias contra as mulheres que se recusam submeter aos cânones islâmicos, são igualmente características do regime que profere ameaças genocídas contra Israel e contesta a existência do Holocausto.
As fantasias repressivas, punitivas e de martírio, que estão longe de ser puras fantasias, renovam sob novas formas políticas e religiosas com a obsessão extirpativa do Estado nacional-socialista, incluindo a disposição de sacrificar a própria população para atingir objectivos apocalípticos. Por este motivo a política de desencorajamento não funciona a partir do momento em que possuírem armas nucleares. Consequentemente, os que quiserem manter um diálogo com a República Islâmica do Irão, terão uma atitude comparável à tido com os nazis, que resultou na guerra de destruição mais mortífera da história da humanidade.
O contrato da OMV com o regime de Ahmadinejad constituiria um sucesso político e uma boa propaganda para o seu jihadismo destruidor, que tem por objectivo a instalação planetária da Umma islâmica.
Para evitar chegar a esta situação é necessário impedir o programa nuclear iraniano antes que seja tarde. Este é um momento único para levar a paz ao Próximo e Médio Oriente. Uma verdadeira oportunidade.
O mundo deve submeter permanentemente o Irão a uma pressão política e económica para reduzir o perigo que este constitui para o Estado de Israel. Isto significa que é necessário impedir a Europa de integrar este programa de destruição massiva, enquanto alvo dos mísseis nucleares e enquanto parceira da jihad. Por essa razão pedimos – em particular ao governo austríaco – que exista um «diálogo crítico» com os mullahs e que sejam tomadas as seguintes medidas:
Nobel Prize Laureate Elfriede Jelinek cautions against opening Pandora's box
Prominent support for call against the new appeasement
The non-partisan platform "STOP THE BOMB - Coalition against the Iranian extermination program" launches today a signing petition against deals with the Iranian mullahs. The impending completion of the mega-deal between the Austrian Oil Management Company (Oestereichische Mineraloelverwaltung - OMV) and the Iranian terror regime is prompting this petition. The anti-Semitic, apocalyptic Ahmadinejad is leading a regime that outright threatens Israel, and implicitly the West as well, with nuclear annihilation. Whereas the world attempts to avert this menace, a company - of which the state of Austria is its largest shareholder and owns 31.5 percent - undermines these peace efforts.
"The OMV views a country whose leadership exhibits a suicidal sense of mission and a determinedness to obliterate another country as an 'ideal partner' for business. It appears as though Austria intends to downright push itself forward in order to establish itself as a commercial hub, but unfortunately not as an agent of change, for this anti-Semitic and totalitarian Iranian regime", said Elfriede Jelinek. The Nobel Prize Laureate together with numerous prominent individuals coming from almost all walks of life are among the first signers of the campaign "No Deals with the Iranian mullahs". Some of the supporters are: Alfred Dorfer, Robert Schindel, Lotte Tobisch, Dr. Ariel Muzicant, Prof. Arik Brauer, Dr. Ing. Kazem Moussavi, Dr. Elisabeth Pittermann, Dr. Erwin Riess, Hon. Prof. Dr. Wolfgang Neugebauer, Marika Lichter, Dr. Matthias Küntzel, Walter Kohl, Gerhard Haderer, Hermann Gremliza, Karl Pfeifer, Leon De Winter and Beate Klarsfeld.
For a long time Austria refused to acknowledge its complicity in the extermination of European Jews, and Austria is now demonstrating, in light of its WW 2 history, hollow talk of "responsibility" and "never again!". For former city councilwoman a.D. Elisabeth Pitterman, this failure to learn from history shows once again: "The fight against anti-Semitism is regarded at best as synonymous with coping with the past, but never as an effort of the present."
Nowadays, too, the anti-Semitic furor can not be subdued through ignorance and denial. In contrast to those who due to financial interests play down and gloss over the threats of annihilation towards Israel, we, the initiators of this campaign, take the words of a Dictator seriously. Whoever denies the Nazi crime against humanity, or lets them be denied at conferences, just as Ahmadinejad did, is preparing for the next murder of Jews. Wolfgang Neugebauer (Action against anti-Semitism in Austria) said: "As a historian I know that shying away from totalitarian dictatorships can have catastrophic consequences. The Western appeasement policy of 1938 facilitated the successes of Hitler Germany significantly and ultimately led to an even wider war than would have been the case, had there been timely and decisive resistance. The Shoah and other genocides in Europe would not have been possible, had Hitler Germany already been restrained in 1938. From this one should learn."
The signers demand the cessation of a "critical dialog" with the regime in Tehran in favor of comprehensive political and economic sanctions. "The negotiations between the OMV and the Iranian Mullahs as well as credit subsidies by the 'Oesterreichische Kontrollbank AG' for such deals have to be discontinued immediately. The Iranian nuclear program has to be stopped early enough in order to give peace in the Middle East a chance," warned musical star Marika Lichter.
Dr. Ing. Kazem Moussavi (Green Party of Iran) demands that the dialog should be led with the Iranian opposition and no longer with the mullahs. All trade with the regime consolidates its power.
Attachment:
Call: No Deals with the Iranian mullahs!
By the end of this year, Austria's biggest state-controlled oil company, OMV AG, plans to enter into a 22 Billion Euro Agreement with Iran. This agreement will irrevocably turn Austria and Europe into strategic partners and accomplices of the Iranian political regime; a regime that supports international terrorism and violently represses its own population: The Iranian determination to develop nuclear weapons which could directly affect Europe’s security, is posing the greatest threat to world peace.
The systematic persecution of Kurds, religious minorities such as the Bahai, and the executions of homosexuals as well as the ongoing repression of women who don’t submit to the Islamic moral code, are essential elements of this regime, as are the continuous threats of annihilation towards Israel and the renouncement of the Shoah.
The mullahs’ self-delusional fantasies of sacrifice and martyrdom, which are actively put into practice, tie in with the Nazis’ delusions of extermination by new religious and political means, including the willingness to sacrifice their own population for the apocalyptic goals of the regime. As a result, the mullahs will be in possession of nuclear weapons, and this will render political deterrence useless. Those who are interested in doing business or entering into negotiations with the representatives of the Islamic Republic of Iran are driven into an appeasement position, which is comparable with the reluctant and hesitant attitude towards the Nazi threat, which not only encouraged but resulted in the largest war of extermination in Europe’s history.
The OMV would grant an economic and political as well as a propagandistic aide to the regime of Ahmadinejad and murderous Jihad-ism. The OMV oil deal helps to further the aspirations of the mullahs towards a worldwide establishment of a global Islamic Ummah.
In order to avoid this, it is necessary to stop the Iranian nuclear program before it is too late. This is the only opportunity for peace both here and in the Middle East.
Iran has to be placed under consistent economic and political pressure in order to avert any threat to Israel. This means to fight the danger of Europe taking part in this programme of extinction – while at the same time being target of nuclear missiles herself. We therefore call - particularly upon the Austrian government – for ceasing "critical negotiations" with the mullahs and demand instead to take the following measures:
- Immediate discontinuation of the negotiations between the OMV and the Iranian mullahs on the basis of unilateral sanctions.
- Cessation of any credit support provided by the Austrian Control Bank for transactions with Iran.
- Imposition of effective and comprehensive UN and EU sanctions in order to isolate the Iranian regime politically and economically.
Gerais
Asociación Galega de Amizade com Israel
Institute for Counter-Terrorism
Israel Palestine Center for Research and Investigation
Scholars for Peace in the Middle East
Irão
National Council of Resistance of Iran
Iraque
Israel
Ministérios do Negócios Estrangeiros
The Institute for National Security Studies
The Israel Democracy Institute
The Jewish Institute for National Security Affairs
Líbano
Center for the Strategic Studies
The Libanese Foundation for Peace
Media
Nacionais
Liga de Amizade Portugal-Israel
Palestina
Outros Árabes
Center for Strategic Studies (Jordânia)
Ministério dos Negócios Estrangeiros Egipcio